Meus artigos

Olá, gente boa!
Aqui vocês terão a chance de ler ou reler meus artigos, alguns publicados no jornal "A Tarde". 
Vou adorar receber feedback de vocês nos comentários ou por email. escrevendoprajoaninha@gmail.com
Fiquem à vontade: são todos seus!!!


Paradoxos do mercado de moda no Brasil

A partir da conversa com uma amiga que estava na alvoroçada inauguração da primeira loja fast fashion americana "Forever 21" no Brasil dia 21/03, eu estive fazendo uma reflexão acerca da configuração do pensamento e comportamento contemporâneos.
Estamos mergulhados na necessidade de autoafirmação e a construção da nossa imagem é o passaporte para a inserção em determinado grupo social ou apenas o seu signo de pertencimento. É o novo nível de narcisismo (no qual o “outro” passa a ser um elemento propulsor de notoriedade da nossa própria imagem) vivido pela nova "humana-idade". Isso não está explícito somente nas vestes, como também nas atitudes, vocabulário ou em qualquer contexto no qual se crie identidades. Esses elementos são os definidores dos modos atuais; e modos define moda!
O filósofo Lipovetsky cita em vários momentos as mudanças de comportamento, individuais e coletivas, como motivos para uma reformulação da disposição da moda que antes era dominada pela alta costura.
Atualmente é o público quem direciona o mercado. Paradoxalmente, esse mesmo mercado é o responsável por criar os desejos e transforma-los em necessidade a partir da sedução, em um ciclo infinito. Será que o nosso mercado está preparado para abraçar indiscriminadamente cada pessoa que queira a sua fatia desse bolo fashion? O ocorrido no Morumbishopping sublinha a “consciência inconsciente” do direito ao acesso à moda (modos) em geral, uma vez que não se justifica os preços altos nas vitrines nacionais. Há que se valorizar sim a moda do Brasil, porém o brasileiro e o país precisam ser igualmente valorizados pelo nosso mercado fashion. Esses produtos devem ser produzidos de acordo com a realidade do nosso consumo e oferecidos à preços justos. Reformulando a distribuição da nossa moda talvez possamos deixar de olhar somente de frente para o litoral e passemos, assim, a comprar produtos em casa. Com a globalização na palma da mão e ao alcance dos dedos não mais estamos alheios ao movimento dos continentes. É imperativo valorizar a nossa regionalidade.


Moda que contamina

Há algumas semanas falei sobre a roupa como um signo de pertencimento a determinada tribo aliada ao comportamento contemporâneo. Partindo dessa reflexão analisei um modismo perigoso que está literalmente contaminando pessoas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que o uso do jaleco seja restrito ao ambiente de trabalho. O objetivo desta peça é proteger o profissional do ambiente insalubre em que trabalha. Todavia, não é raro ver “profissionais” da área de saúde ostentando seu look monocromático na lanchonete da esquina. Seria essa uma atitude de autoafirmação, no qual a construção da sua imagem está acima de qualquer conduta ética? Afinal, isso representa o descaso à saúde (própria e dos que os cercam) em detrimento de um lugar de reconhecimento na sociedade e oportunidade de mostrar algum status. O uso do jaleco em ambientes externos resulta no transporte de bactérias (acumuladas principalmente nos bolsos e nas mangas), o que pode desencadear o aumento de infecções hospitalares, por exemplo. Enquanto nos Estados Unidos considera-se uma possível proibição do uso de gravatas e mangas compridas em ambientes hospitalares, uma vez que estes também são considerados acumuladores de bactérias, aqui no Brasil estamos engatinhando criando campanhas e enfrentando resistência por parte de alguns profissionais que insistem em transformar seu acessório funcional em peça fashion.
Dentre muitas definições, a moda também pode ser a arte de imitar e, no caso citado acima, o guarda-pó é a chave mestra para o exercício da vaidade camuflada em um narcisismo contemporâneo que arrasta novas pessoas e forma uma tribo. É mais uma vez a necessidade de reconhecimento pelo outro e a conquista de um certo grau de importância que, em um movimento quase celular criam desejos e necessidades que se manifestarão inconscientemente ou não através de novos modos e tendências de comportamento/consumo. É realmente um movimento encantador, porém quando ficamos alheios às questões essenciais à vida e boa conduta social nos tornamos fúteis, superficiais e o pior: negligentes!








Nenhum comentário:

Postar um comentário